Na sociedade contemporânea muito tem se debatido sobre a responsabilidade social das empresas e como a atuação do capital privado pode transformar a realidade de muitas pessoas. As vezes, estas mudanças são feitas sem sequer grandes investimentos e as muitos casos apenas um direcionamento ou a abertura de um caminho já causam impacto na vida de milhares de cidadãos que que por carência do papel social (sem populismo) do Estado, encontra-se perdido nesse emaranhado de complicações que é a pobreza, miséria e principalmente falta de esperança.
Se tem uma coisa que está inserida na igreja protestante brasileira é a responsabilidade social. Por ela entrar em lugares onde muitas vezes o estado não entra, ela faz um contraponto a marginalidade e criminalidade que em muitas situações são consequências da mazelas sociais que assolam nosso país.
Porém acredito que a esse papel ainda é aquém daquilo que se espera de uma igreja no sentido global de comunhão e ação. A gente sempre vê aquela choradeira de sempre dos pastores falando da falta de dinheiro pra arrumar o telhado da igreja, da construção, pintura e reformados bancos das igrejas, mas raramente vemos uma a igreja fazer uma campanha de forma mais ampla sobre vários temas que com toda certeza ela poderia contribuir para a sociedade. Se o Edir Macedo ou R.R Soares ou qualquer pastor do alto de seus púlpitos conclamassem suas ovelhas para uma mobilização nacional de doação de sangue, os hemocentros da Brasil teriam seus estoques abastecidos e com isso, além de muitas vidas salvas, no sentido fisiológico, a igreja mostraria ao restante da sociedade que ela está aqui pra ajudar.
Dos quase 12 anos de caminhada no evangelho, nunca vi nenhuma mobilização para adoção e crianças. Aliás, nunca vi nenhuma cruzada ou conclamação para nada que não tivesse restrito aos interesses “espirituais da igreja. Um dos motivos é a falta de união entre as várias denominações além claro, da competição entre as igrejas de mesma denominação oriunda da vaidade e megalomania de seus pastores.
Porque as igrejas não podem se engajar em algo maior? Porque as igrejas não podem deixar de olhar pra dentro delas e buscar um olhar mais amplo para toda a sociedade. Marchar para Jesus é legal, é bonito, serve pra marcar território, mas e depois? Sua função é de apenas apelo espiritual?
Muitas pessoas do meio secular que conheço são unânimes em dizer que crentes além de não se misturarem socialmente (geralmente com a desculpa de separar joio do trigo ou de que o mundo jaz no maligno) são incapazes de ajudar o próximo sem nenhuma intenção aparente. Ajudam na sua igreja, porque o ajudado é conhecido ou simplesmente ajudam pra puxar saco do pastor, oque é ainda mais ridículo.
Existem trabalhos fabulosos feitos por várias igrejas que são dignos de louvor. Mas em 99% dos casos esses trabalhos são em caráter missionários.
Um dia, gostaria de ver a igreja ajudando as pessoas apenas pelo fato de fazer o bem, sem pregação, evangelismo ou coisas triviais do “mundo gospel”. Talvez assim, sem nenhuma palavra, ela consiga falar mais do amor de um Deus que amou a humanidade a ponto de dar seu Filho por ela. Se Deus amou o mundo, sem restrições porque a igreja se mantém fechada a aquilo que lhe convém?
Quem sabe se ela buscar ação, as bravatas e as vaidades de suas lideranças sejam colocadas de lado por algo de verdadeira relevância: A ajuda a quem quer que seja, uma vez que Deus ama a todos sem discriminação.
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